terça-feira, 19 de abril de 2011

VIVENDO A VIDA SIMPLES- Como se libertar de uma vida cheia demais

Extraído da revista "Just Between us"
Christine Hoover
Na minha cozinha há uma pequena escrivaninha. Tudo que chega em casa nas mochilas dos meus filhos – projetos de arte, bilhetes da escola, livros da biblioteca, autorizações para passeios – vai para aquela mesinha. Quando meu marido finalmente chega em casa ao final do dia, ele joga seus papéis do trabalho sobre esta mesma mesinha. Todavia, a maioria das pilhas de coisas na escrivaninha é minha – receitas rasgadas de revistas, contas a pagar, livros que emprestei da biblioteca (mas que ainda não tive tempo de ler), e múltiplas listas ou memorandos de coisas a fazer anotados em papel rascunho que se perderam debaixo de todo o amontoado. Parece que todos os aspectos da minha vida passam por aquela mesa, e, embora eu seja, em geral, uma pessoa bem organizada, é uma luta manter minha escrivaninha limpa.
            Eu já percebi que minha mesa é um microcosmo da minha vida. Embora eu me esforce em mantê-la limpa, com os papéis e listas de tarefas mais importantes por cima, ela raramente está organizada com tudo no seu lugar.
VIDAS LIMPAS
            Como mulheres, nossos horários e agendas estão cheios. As demandas pelo nosso tempo são infindáveis, e as necessidades das pessoas ao nosso redor são contínuas. É fácil sair correndo a cada dia, atendendo a esta e aquela necessidade, esquecendo para onde estamos correndo ou o por quê da correria. Como minha escrivaninha, nossas vidas se tornam bagunçadas e difíceis de administrar, levando a situações de estafa ou ministério sem vida. Nossas vidas precisam passar constantemente por “faxinas” se queremos conhecer e manter nossas prioridades dadas por Deus.

LIÇÕES DE PESSOAS ACUMULADORAS [COLECIONADORAS COMPULSIVAS] 
            Nada me faz querer limpar todos os cantos e nichos da minha casa mais do que assistir a um episódio do programa de TV “Colecionadoras Compulsivas“. Quando assisto os casos de famílias que se sobrecarregaram de coisas desnecessárias, tanto fisicamente e emocionalmente, eu vejo pessoas cuja habilidade de priorizar foi completamente perdida. Elas são incapazes de distinguir o que é importante para elas. Para que não nos tornemos “colecionadoras compulsivas de ministérios”, nós podemos aplicar o mesmo processo que os especialistas neste problema usam para ajudar as pessoas a purgarem suas casas. O processo se baseia em três questões.
  1. O que devo guardar?
Quando nossas vidas estão cheias demais, frequentemente é porque perdemos de vista quem nós somos ou especificamente o que Deus nos deu para fazer. Em vez de estreitar o nosso foco, acreditamos que quanto mais tivermos em nossas mãos, mais importantes somos, mais influência teremos, e mais estamos fazendo para honrar o Senhor. Infelizmente, nós nos tornamos colecionadoras compulsivas de glória que estão ocupadas demais para ouvir a voz de Deus, e nada que fazemos é feito com excelência.
      E se nós nos tornássemos mulheres com apenas algumas paixões fixas? E se nós nos focássemos somente nessas paixões, à medida que fossemos crescendo nos nossos dons espirituais e no seu uso com excelência “como para o Senhor”?  Se fosse assim, não apenas Deus poderia nos usar de uma forma mais dirigida, com maior impacto, mas também nós nos libertaríamos da sensação de responsabilidade por cada pessoa e cada necessidade que encontramos pela frente. Quando conhecemos nosso chamado e nossas paixões, eles moldam as nossas agendas, nossas listas de tarefas a fazer, as pessoas com quem gastamos tempo, e os assuntos em que pensamos.

Se você perdeu de vista o que você deve guardar, faça a si mesma algumas perguntas:
·         Por que Deus chamou você para o ministério?
·         O que Deus chamou você a fazer no seu papel específico de ministério?
·         O que você adora fazer?
·         Em que área você tem dons e habilidades? A sua agenda e sua lista de tarefas refletem isso?
  1. O que devo descartar?
Muitas vezes quando eu faço arrumação de um armário, há algumas coisas que eu não uso, mas que não quero jogar fora nem passar para frente. Eu sinto um vínculo com essas coisas ou me convenço de que me serão úteis no futuro, o que raramente acontece. Geralmente, acabam na pilha de lixo na minha próxima faxina.
Discernir como Deus quer nos usar no nosso ministério geralmente não é a parte mais difícil da faxina; é o descarte de ministérios ou tarefas com os quais temos vínculos. Pensamos assim: “Se eu não fizer isso, quem vai fazer?” Ou então, “Esta realmente não é minha área de dons, mas vou continuar fazendo porque eu queria ter dons nesta área”.
Esses pensamentos exemplificam nossas dificuldades com a simplificação das nossas vidas: ou estamos descontentes com o ministério que Deus nos deu, e, portanto, seguramos com mais força ainda aquelas coisas que desejamos, ou não confiamos que Deus pode sustentar nosso ministério.
Meu marido e eu estamos no nosso terceiro ano de implantação de igrejas. Na nossa igreja anterior, Deus me usou de uma maneira diferente daquela em que Ele me usa agora. Enquanto antes eu estava ensinando e liderando muitas mulheres, agora estou exercendo um ministério mais individual: discipulando, recebendo pessoas para jantar, aconselhando mulheres, trabalhando na recepção da igreja aos domingos, e servindo no ministério infantil. Meu ministério não tem mais tanto glamour como tinha antes, e eu tenho lutado contra rebelião e orgulho, numa batalha com Deus em relação aos seus planos para mim.
Em outras ocasiões, eu tenho assumido responsabilidade demais, achando que tudo dependia de mim. Eu sentia a necessidade de receber pessoalmente cada nova família da nossa igreja. Eu precisava meter minha mão em todas as áreas, apenas para me certificar de que as coisas seriam feitas corretamente. A lista poderia continuar, mas Deus tem me lembrado do princípio do semeador que se encontra em I Coríntios 3.6: “Eu plantei, Apolo irrigou, mas Deus concedeu o crescimento”.
Nós não fomos chamadas a fazer tudo, ser tudo para todas as pessoas, ou imitar os ministérios e dons de outros. Quando conseguimos nos libertar de nossas próprias expectativas e confiamos em Deus para nos usar na tarefa para a qual Ele nos chamou, experimentamos liberdade, assim como aquele sentimento de “armário arrumado”.
  1. O que devo passar para frente?
De que forma uma pessoa colecionadora compulsiva se mantém livre de recaídas? Em vez de fazer compras ou colecionar coisas sem propósito, elas aprendem a diferença entre necessidades e desejos, entre lixo e tesouros, entre o bom e o melhor.
Quando aprendemos a avaliar as oportunidades segundo nossas prioridades dadas por Deus, e a dizer não para todas as coisas que não se encaixam neste critério, nós também poderemos manter um ministério livre de bagunça. Há alguns aspectos das nossas vidas pessoais e ministeriais que nenhuma outra pessoa pode fazer, mas há muitos outros aspectos nos quais nós não temos dons ou que podemos delegar a outras pessoas.
Embora dê uma sensação de “falta de espiritualidade”, saber delegar é um aspecto importante do ministério. Os discípulos assim fizeram na igreja primitiva, segundo vemos em Atos 6.1-4, quando as muitas necessidades das pessoas os impediam de manter suas prioridades dadas por Deus de oração e ensino. Nós devemos seguir seu exemplo, e aprender a discernir quais tarefas e ministérios são essenciais e quais podem ser passadas para outras pessoas que têm os dons para tais trabalhos.
Como implantadora de igrejas, há sempre uma grande tentação de querer alargar o foco específico que Deus me deu. Assim como em qualquer ministério, sempre há mais que poderia ser feito. Eu preciso me lembrar quase todos os dias das prioridades que Deus me deu: de ser discípulo fiel, esposa amorosa, mãe com propósitos certos, sábia dona de casa, e serva no ministério da igreja. Quando eu sou obediente nestas coisas, Deus é fiel para realizar o trabalho ministerial, propriamente dito, na minha família, nos meus relacionamentos, na minha igreja, e na minha comunidade.
Christine Hoover é implantadora de igrejas e escritora free-lancer. Ela e seu marido residem com seus três filhos em Charlottesville, Virgninia (EUA). Você também poderá seguir o seu blog pessoal: hooverhousehold.blogspot.com. 


tradução de Kathleen Goldsmith Killing

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